O que é
Gestalt-terapia?
Gestalt é uma
palavra alemã para a qual não há tradução equivalente em outra língua. Uma
Gestalt é uma forma, uma configuração, o modo particular de organização das
partes individuais que entram em uma composição. A premissa básica da
psicologia da Gestalt é que a natureza humana é organizada em partes ou todos,
que é vivenciada pelo indivíduo nestes termos, e que só pode ser entendida como
uma função das partes ou todos dos quais é feita.
A Gestalt-terapia surge como resposta às críticas e reformulações que um neuropsiquiatra
alemão chamado Frederick Salomon Perls desenvolveu em relação à psicanálise,
sua formação inicial. Visando abandonar a postura associacionista preponderante
na ciência da época, cada vez mais encontra na psicologia da Gestalt um novo
recurso teórico. Em 1969, no lançamento da segunda edição de seu livro chamado
Ego, Fome e Agressão, Fritz Perls dedicou o mérito desta edição ao principal
estudioso da psicologia da Gestalt chamdo de Max Wertheimer.
Wertheimer
formula a teoria da Gestalt afirmando que existem totalidades cujo
comportamento não é determinado pelo de seus elementos individuais, mas onde os
processos parciais são determinados pela natureza intrínseca dessas
totalidades. A esperança da teoria da Gestalt é determinar a natureza de tais
totalidades.
Os princípios fundamentais para a criação da abordagem da Gestalt-terapia
foram incorporados da psicologia da Gestalt, que é uma escola psicológica de
pensamento alemão surgida em 1912 que tinha como foco de estudo a percepção e a
relação do organismo com seu meio, a memória, a inteligência, a expressão e a
personalidade como um todo e o conceito de Gestalt como uma unidade de
referência adequada para pensar os todos sobre os quais o princípio da
autorregulacão impera.
Perls também compreendia o processo de autorregulação organísmica como
cíclico, havendo o surgimento permanentemente de energia de novas necessidades
e resolução das antigas. Entendemos esse ciclo como o ciclo da Gestalt, que,
quando é completado de modo satisfatório, resulta em um fechamento de Gestalt.
Em analogia a essa noção, podemos pensar que, quando não há uma resolução desse
ciclo, forma-se uma Gestalt incompleta ou aberta, o que caracteriza uma
situação inacabada.
A mãe acordada pelo choro do bebê não se contentará em deitar
confortavelmente em sua cama, ouvindo o lamento de sua cria. Fará algo para
eliminar a perturbação. Tentará satisfazer as necessidades do bebê, e quando
estiverem satisfeitas, ela também poderá voltar a dormir.
Só descansamos quando a situação estiver terminada e a gestalt fechada
para que então a próxima situação inacabada possa acontecer, o que quer dizer
que nossa vida é um número infinito de gestalten incompletas. Logo que uma
necessidade é satisfeita, vem outra.
A Gestalt-terapia é uma terapia existencial-fenomenológica fundada por
Fritz e Laura Perls na década de 1940. Ela ensina a terapeutas e pacientes o
método fenomenológico de awareness,
que significa a ampliação da capacidade de dar-se conta do que acontece com a
pessoa e o seu ambiente,no qual perceber, sentir e atuar são diferenciados de
interpretar e modificar atitudes preexistentes.
Explicações e interpretações são consideradas menos confiáveis do que
aquilo que é diretamente percebido ou sentido. Pacientes e terapeutas, em
Gestalt-terapia, dialogam, isto é,
comunicam suas perspectivas fenomenológicas. As diferenças de perspectivas
tornam-se um foco de experimentação e de diálogo continuado.
O objetivo é tornar os clientes conscientes (aware) do que estão fazendo, como estão fazendo, como podem
transformar-se e, ao mesmo tempo em que aprendem aceitam-se e valorizam-se.
A Gestalt-terapia focaliza mais o processo (o que está acontecendo) do que
o conteúdo (o que está sendo discutido). A ênfase localiza-se no que está sendo feito, pensado e sentido no momento
e não no que era, poderia ser, conseguiria ser ou deveria ser.
Portanto a Gestal-terapia pode ser considerada mais uma exploração do que
uma modificação direta do comportamento. O objetivo é o crescimento e a
autonomia, com um aumento de consciência (consciousness).
Em vez de manter distância e interpretar, o Gestalt-terapeuta encontra os
pacientes e direciona um trabalho de awareness
ativo.
A presença ativa do terapeuta é viva e entusiasmada (calorosa), honesta e
direta. O paciente consegue ver e ser informado de como ele está sendo
experienciado, o que está sendo visto, como o terapeuta se sente, e como ele é
como pessoa. O crescimento ocorre no contato real com pessoas reais.
Os pacientes aprendem como estão sendo vistos e como os seus processos de awareness são limitados. A abordagem
geral da Gestalt-terapia é facilitar a exploração de formas que maximizem
aquilo que continua a se desenvolver depois da sessão, sem o terapeuta. O
paciente é frequentemente deixado incompleto, mas reflexivo, pensativo,
“aberto” ou com uma tarefa.
Isto é, em parte, como a Gestalt-terapia consegue ser tão intensiva, com
menos sessões por semana. A psicoterapia bem-sucedida consegue integração. Integração exige
identificação com todas as funções vitais - não apenas com algumas ideias, emoções e ações do paciente.
Qualquer rejeição das próprias ideias, ações ou emoções resulta em
alienação. Recuperar a aceitação permite à pessoa ser inteira. Então, a tarefa
da Gestalt-terapia é conseguir que a pessoa tome consciência de partes
anteriormente alienadas. Experimentá-las, considerá-las e assimilá-las, se
forem ego-sintônicas, ou rejeitá-las se forem ego-distônicas.
Assim como o óleo, a farinha ou o fermento podem ter um sabor próprio, não
agradável, são indispensáveis para o sucesso do bolo inteiro.
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